LanCog Seminar 2013-14: Abstracts
Session 14
6 June 2014, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
Existe, para cada Pensamento, uma e uma só análise?
José Manuel Mestre
University of Lisbon
Resumo: Em várias ocasiões, Frege exprime-se em termos que sugerem a adopção de dois modelos aparentemente incompatíveis de análise do Pensamento: o modelo “parte-todo” e o modelo “função-argumento”. A interpretação de Michael Dummett favorece o primeiro; a de Peter Geach o segundo. De acordo com Dummett, apenas a adopção do modelo “parte-todo” implica que exista, para cada Pensamento, uma e uma só análise.
Nesta comunicação, defendemos a interpretação de Geach, a partir da discussão dos casos relevantes de identidade de Pensamentos considerados por Frege. Em particular, a propósito da identidade entre Pensamentos que envolvem sentidos de relações inversas não simétricas, tentamos responder a uma defesa do ponto de vista de Dummett apresentada por Peter Sullivan.
Session 13
2 May 2014, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
O Problema Difícil da Consciência
Vítor Diniz Pereira
University of Lisbon
Resumo: O problema difícil da consciência (assim chamado por Chalmers, D.J. (1995)) é o de que configurações de células nervosas co-ocorrentes com estados mentais como sentir uma certa dor, saborear um certo chocolate ou ver um certo carro azul são características fisiológicas e funcionais da dor, do gosto do chocolate ou da visão do carro azul mas não são características fenomenológicas da dor, do gosto do chocolate ou da visão do carro azul.
Estados mentais como sensações e experiências têm uma essência tripartida: fenomenológica, fisiológica e funcional. As características fenomenológicas e físicas implicam as características funcionais (e as características fenomenológicas e físicas implicam-se uma à outra), mas as características funcionais não implicam as características fenomenológicas e físicas. Por exemplo, em contraste com a facilidade fisiológica e funcional da consciência, a dificuldade da consciência são as características fenomenológicas de sensações e experiências: é possível existir um estado mental funcionalmente equivalente à dor num mecanismo com uma constituição interna diferente de organismos como seres humanos; mas, se esse estado é também física e fenomenologicamente diferente daquele que ocorre em organismos como seres humanos, então o estado mental não é o mesmo e não é dor. Esta categoria inclui, por exemplo, não só, sensações álgicas, experiências gustativas, experiências visuais, mas também experiências auditivas como o acontecimento que consiste em ouvir uma certa sinfonia, experiências olfactivas como o acontecimento que consiste em cheirar uma certa flor, experiências tácteis como o acontecimento que consiste em tocar um certo objecto.
Session 12
4 April 2014, 14:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
Experiência: um estado mental sui generis ou doxástico?
Comentários a “In Defence of a Doxastic Account of Experience” (2009) de Kathrin Glüer.
Raimundo Henriques
University of Lisbon
Resumo: Que tipo de estado mental é a experiência? Em “In Defence of a Doxastic Account of Experience” (2009), Kathrin Glüer defende esta é um tipo, uma sub-espécie, de crença, contra a tese (mais popular) segundo a qual a experiência é um estado mental sui generis. A autora responde a três objecções (Argumentos da Modularidade) e argumenta que a tese doxástica permite explicar melhor o papel da experiência (enquanto veículo de razões epistémicas) do que a adversária. Deste modo, não só a tese é plausível como tem vantagens explicativas sem postular a existência de um estado mental radicalmente diferente de todos os outros.
Procurarei levantar alguns problemas à teoria doxástica da experiência. Para tal, tentarei mostrar que existem demasiadas diferenças funcionais e fenoménicas entre a experiência e a crença para que a primeira possa ser uma sub-espécie da segunda. Nesse caso, a experiência seria um tipo de crença sui generis, radicalmente diferente de todas as outras crenças, pelo que uma das motivações para aceitar a posição doxástica perde a sua força. Procurarei ainda mostrar que, embora possa ser considerada ad hoc, a tese da experiência como sui generis tem tanto poder explicativo quanto a doxástica.
Session 11
28 March 2014, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
Haverá uma viável objeção de jure à crença teísta?
Domingos Faria
University of Lisbon
Resumo: Há pelo menos dois tipos de objeção à aceitabilidade intelectual da crença teísta: objeções de facto e objeções de jure. Por um lado, as objeções de facto são as críticas à verdade da crença teísta, como é o caso do problema do mal ou dos argumentos que alegam uma incoerência dos atributos divinos. Por outro lado, as objeções de jure são argumentos que tentam mostrar que a crença teísta, quer seja verdadeira ou falsa, é de qualquer forma irracional ou, de acordo com a terminologia de Alvin Plantinga, sem garantia. Além disso, uma objeção de jure à crença teísta será viável caso não dependa previamente de objeções de facto nem pressuponha que a crença teísta é falsa. Mas haverá realmente alguma objeção de jure viável? Plantinga, em livros como Warranted Christian Belief (2000) ou Knowledge of God (2008), responde negativamente a esta questão. Para fundamentar a sua posição defende as seguintes teses:
(T1) Nenhuma objeção de jure é compatível com a verdade da crença teísta.
(T2) Todas as objeções de jure pressupõem objeções de facto.
Caso (T1) e (T2) sejam verdadeiras, não há qualquer objeção de jure viável à crença teísta e se alguém quiser sustentar que essa crença não tem garantia, terá primeiro de mostrar que tal crença é falsa, ou seja, que não há um Deus teísta. O meu objetivo principal com esta comunicação será examinar criticamente cada uma destas teses e tentar argumentar que (T2) é falsa. Portanto, vou defender que há pelo menos uma objeção de jure que não pressupõe objeções de facto, havendo assim uma objeção de jure viável. Por isso, quem advogar a possibilidade epistémica de que a crença em Deus é básico-garantida, para além de ter de refutar objeções de facto, terá também de refutar viáveis objeções de jure.
Session 7
6 December 2013, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
The a priori and the analytic: the traditional connection
Célia Teixeira
University of Lisbon
Abstract: The aim of this talk is to evaluate and criticise the account according to which a priori knowledge is mere knowledge of analytic truths. This account is based on two major claims:
(The Traditional Connection – TC) A priori knowledge is mere knowledge of analytic truths.
(The Explanatory Thesis – ET) We can explain the a priori with the notion of analyticity.
Depending on how we understand the notion of analyticity, (TC) and (ET) will get different readings. There are two main readings of the notion of analyticity: a metaphysical reading and an epistemological reading. I will argue that under the metaphysical reading, even if (TC) is true, (ET) is false. But we have well known reasons to doubt the intelligibility of the metaphysical reading of the notion of analyticity – and with it the intelligibility of both (TC) and (ET). I will then turn my attention to the epistemological reading of the notion of analyticity. I will argue that under this reading it is also the case that if (TC) is true, (ET) is false. I will then argue, contrary to current orthodoxy, that (TC) is false under the epistemological reading. If I am right, and both (TC) and (ET) are false under both readings of the notion of analyticity, we have good reasons to question the philosophical significance and the very tenability of the analytic/synthetic distinction.
Session 6
22 November 2013, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
How to be a Stalnakerian about indicative conditionals
Pedro Santos
University of Algarve
Abstract: Dorothy Edgington has presented a reductio ad absurdum argument against the claim that indicative conditionals have truth-conditions, building on the idea that two seemingly valid inferential principles involving the construction cannot be jointly accepted if the claim is true (one of them being apparently committed to truth-functionalism about indicatives, the other to its rejection). Eliza Block has suggested a way out of Edgington’s negative result based on the claim that one of the principles, Or-to-If, has epistemic rather semantic import. Adopting this suggestion would commit us to i) eschewing truth-functionalism about indicatives; ii) endorsing a Stalnakerian approach to the semantics of indicatives; iii) as a consequence of ii), assigning a greater amount of context-sensitivity to indicatives than most authors would be prepared to tolerate (including, in some of his published work, Stalnaker himself). In this talk I will describe the Stalnakerian way out to Edgington’s dilemma and try to show that iii) is not as a bad a commitment as one might think.
Session 5
15 November 2013, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
Retractions
Teresa Marques
University of Lisbon
Abstract: Retraction and disagreement data have been used against contextualism and in favor of relativism about certain types of claims. Among these figure epistemic modals, knowledge attributions, or value and personal taste claims. On the relativist proposal, sentences like “the ice cream might be in the fridge” or “Pocoyo is funny” only get assigned a truth-value relative to contexts of utterance, indices of evaluation, and contexts of assessment. On assessment relativism, the relevant perspective for the truth of an epistemic might claim, or of a claim of personal taste, is the epistemic evidence, or the standard of taste, of the assessor at the context of assessment. On contextualism (indexical or not) the relevant perspective is the epistemic evidence, or the standard of taste, that is determined at the context of utterance. It is the claim that contextualism cannot handle retraction and disagreement data that requires the admission of contexts of assessment. Assessment-relativism takes retractions to have a special normative role: a retraction is allegedly mandatory in the crucial cases where the contextualist does not obligate any retraction. This talk questions that retractions have such a normative role, and offers an alternative explanation that is compatible with contextualism. The aim is to show that assessment relativism is not a viable semantic alternative. I will first summarize the main objections in the literature against the obligatoriness of retractions in the crucial cases. I will then offer a suggestion for how a contextualist (indexical or not) can explain permissible retractions, without requiring contexts of assessment. If time allows, I'll also try to show that the objections to assessment relativism follow a general pattern of criticism.
Session 4
8 November 2013, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
Compromisso Ontológico: entre a semântica, a lógica e a metafísica
Daniel Durante
Federal University of Rio Grande do Norte and University of Lisbon
Abstract: Divergências sobre ontologia, sobre o que existe, são tão básicas que tendem a dificultar ou até bloquear o diálogo entre os antagonistas. As diversas disputas entre crentes e ateus, ou entre realistas e nominalistas são apenas dois exemplos. Interessado em contribuir para a inteligibilidade do debate sobre ontologia, W. V. Quine, em 1939, iniciou uma série de trabalhos em que apresenta a noção de compromisso ontológico e propõe um critério supostamente objetivo para identificar as condições exatas em que a um certo discurso teórico (e portanto a seus proponentes) pode ser imputada uma suposição de existência. Pretendo apresentar o conceito de compromisso ontológico e o critério quineano, analisar o papel deste critério no projeto filosófico de Quine, apresentar e avaliar algumas das muitas críticas que o critério recebeu e apresentar algumas formulações alternativas do critério de Quine e critérios alternativos ao dele. Como produto destas análises espero contribuir para a reflexão sobre a relevância e o lugar filosófico da noção de compromisso ontológico.
Session 3
25 October 2013, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
O Problema do Ceticismo
Rui Silva
University of the Azores
Abstract: O debate contemporâneo em torno do problema do ceticismo tem-se centrado no assim chamado Argumento da Ignorância, o qual, partindo das premissas de que (1) não sabemos se as hipóteses céticas são falsas e de que (2) se não sabemos que tais hipóteses são falsas, não sabemos as proposições que fazem parte do conhecimento comum, conclui que não possuímos tal conhecimento. Serão analisadas várias estratégias para enfrentar o desafio cético: a rejeição do princípio do fecho (Dretske e Nozick); o assim chamado contextualismo semântico ou conversacional, que defende o carácter indexical do verbo saber ou conhecer (Lewis, Cohen e DeRose); o contextualismo do sujeito (na versão apresentada por Michael Williams) e a estratégia neo-mooreana, a qual alega que temos acesso ao conhecimento comum e que sabemos que as hipóteses céticas são falsas.
Defenderei que uma conceção externalista do conhecimento não é por si só suficiente para remover o problema do ceticismo e que uma resposta adequada a tal problema deve também oferecer uma conceção da responsabilidade epistémica do sujeito que não envolva princípios epistémicos conducentes ao ceticismo.
Session 2
18 October 2013, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
Reading and discussion of "Implicature and Explicature", by Robyn Carston and Alison Hall
Session 1
27 September 2013, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
The Force Is Strong With This One: A Reply to Williamson
Bruno Jacinto
University of St Andrews (Arché) and University of Lisbon (LanCog)
Abstract: In chapter 6 of Modal Logic as Metaphysics (2013) Williamson argues for First-Order Necessitism – the view that necessarily every individual necessarily exists – via Property Necessitism – the view that necessarily every coarse-grained property necessarily exists. His argument for Property Necessitism is based on the claim that any comprehension principle sufficiently strong for deriving certain results that ought to be derivable in the context of second-order modal logic entails Property Necessitism. Williamson's case for the latter claim consists in considering several comprehension principles that do not entail Property Necessitism, showing that none of them is sufficiently strong for the derivation of those results.
In the present talk I will defend the claim that Williamson's argument for Property Necessitism is not cogent and, a fortiori, that the argument for First-Order Necessitism is itself not cogent. I will focus on one of the candidate comprehension principles considered by Williamson, CompMC, showing that the argument he provides for the claim that CompMC is not sufficiently strong is flawed by Williamson's own lights. I also consider a way of tweaking Williamson's argument by taking into account a remark concerning the strength of CompMC. I argue that the tweaked argument is not a good one, since it begs the question against contingentists. Given CompMC's high degree of plausibility and generality, the burden is on Williamson to provide other arguments for the claim that CompMC is not a sufficiently strong comprehension principle for second-order modal logic. The Force is strong with CompMC. Finally, I will make some considerations concerning where this leaves the debate between Property Necessitists and Property Contingentists.
6 June 2014, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
Existe, para cada Pensamento, uma e uma só análise?
José Manuel Mestre
University of Lisbon
Resumo: Em várias ocasiões, Frege exprime-se em termos que sugerem a adopção de dois modelos aparentemente incompatíveis de análise do Pensamento: o modelo “parte-todo” e o modelo “função-argumento”. A interpretação de Michael Dummett favorece o primeiro; a de Peter Geach o segundo. De acordo com Dummett, apenas a adopção do modelo “parte-todo” implica que exista, para cada Pensamento, uma e uma só análise.
Nesta comunicação, defendemos a interpretação de Geach, a partir da discussão dos casos relevantes de identidade de Pensamentos considerados por Frege. Em particular, a propósito da identidade entre Pensamentos que envolvem sentidos de relações inversas não simétricas, tentamos responder a uma defesa do ponto de vista de Dummett apresentada por Peter Sullivan.
Session 13
2 May 2014, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
O Problema Difícil da Consciência
Vítor Diniz Pereira
University of Lisbon
Resumo: O problema difícil da consciência (assim chamado por Chalmers, D.J. (1995)) é o de que configurações de células nervosas co-ocorrentes com estados mentais como sentir uma certa dor, saborear um certo chocolate ou ver um certo carro azul são características fisiológicas e funcionais da dor, do gosto do chocolate ou da visão do carro azul mas não são características fenomenológicas da dor, do gosto do chocolate ou da visão do carro azul.
Estados mentais como sensações e experiências têm uma essência tripartida: fenomenológica, fisiológica e funcional. As características fenomenológicas e físicas implicam as características funcionais (e as características fenomenológicas e físicas implicam-se uma à outra), mas as características funcionais não implicam as características fenomenológicas e físicas. Por exemplo, em contraste com a facilidade fisiológica e funcional da consciência, a dificuldade da consciência são as características fenomenológicas de sensações e experiências: é possível existir um estado mental funcionalmente equivalente à dor num mecanismo com uma constituição interna diferente de organismos como seres humanos; mas, se esse estado é também física e fenomenologicamente diferente daquele que ocorre em organismos como seres humanos, então o estado mental não é o mesmo e não é dor. Esta categoria inclui, por exemplo, não só, sensações álgicas, experiências gustativas, experiências visuais, mas também experiências auditivas como o acontecimento que consiste em ouvir uma certa sinfonia, experiências olfactivas como o acontecimento que consiste em cheirar uma certa flor, experiências tácteis como o acontecimento que consiste em tocar um certo objecto.
Session 12
4 April 2014, 14:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
Experiência: um estado mental sui generis ou doxástico?
Comentários a “In Defence of a Doxastic Account of Experience” (2009) de Kathrin Glüer.
Raimundo Henriques
University of Lisbon
Resumo: Que tipo de estado mental é a experiência? Em “In Defence of a Doxastic Account of Experience” (2009), Kathrin Glüer defende esta é um tipo, uma sub-espécie, de crença, contra a tese (mais popular) segundo a qual a experiência é um estado mental sui generis. A autora responde a três objecções (Argumentos da Modularidade) e argumenta que a tese doxástica permite explicar melhor o papel da experiência (enquanto veículo de razões epistémicas) do que a adversária. Deste modo, não só a tese é plausível como tem vantagens explicativas sem postular a existência de um estado mental radicalmente diferente de todos os outros.
Procurarei levantar alguns problemas à teoria doxástica da experiência. Para tal, tentarei mostrar que existem demasiadas diferenças funcionais e fenoménicas entre a experiência e a crença para que a primeira possa ser uma sub-espécie da segunda. Nesse caso, a experiência seria um tipo de crença sui generis, radicalmente diferente de todas as outras crenças, pelo que uma das motivações para aceitar a posição doxástica perde a sua força. Procurarei ainda mostrar que, embora possa ser considerada ad hoc, a tese da experiência como sui generis tem tanto poder explicativo quanto a doxástica.
Session 11
28 March 2014, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
Haverá uma viável objeção de jure à crença teísta?
Domingos Faria
University of Lisbon
Resumo: Há pelo menos dois tipos de objeção à aceitabilidade intelectual da crença teísta: objeções de facto e objeções de jure. Por um lado, as objeções de facto são as críticas à verdade da crença teísta, como é o caso do problema do mal ou dos argumentos que alegam uma incoerência dos atributos divinos. Por outro lado, as objeções de jure são argumentos que tentam mostrar que a crença teísta, quer seja verdadeira ou falsa, é de qualquer forma irracional ou, de acordo com a terminologia de Alvin Plantinga, sem garantia. Além disso, uma objeção de jure à crença teísta será viável caso não dependa previamente de objeções de facto nem pressuponha que a crença teísta é falsa. Mas haverá realmente alguma objeção de jure viável? Plantinga, em livros como Warranted Christian Belief (2000) ou Knowledge of God (2008), responde negativamente a esta questão. Para fundamentar a sua posição defende as seguintes teses:
(T1) Nenhuma objeção de jure é compatível com a verdade da crença teísta.
(T2) Todas as objeções de jure pressupõem objeções de facto.
Caso (T1) e (T2) sejam verdadeiras, não há qualquer objeção de jure viável à crença teísta e se alguém quiser sustentar que essa crença não tem garantia, terá primeiro de mostrar que tal crença é falsa, ou seja, que não há um Deus teísta. O meu objetivo principal com esta comunicação será examinar criticamente cada uma destas teses e tentar argumentar que (T2) é falsa. Portanto, vou defender que há pelo menos uma objeção de jure que não pressupõe objeções de facto, havendo assim uma objeção de jure viável. Por isso, quem advogar a possibilidade epistémica de que a crença em Deus é básico-garantida, para além de ter de refutar objeções de facto, terá também de refutar viáveis objeções de jure.
Session 7
6 December 2013, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
The a priori and the analytic: the traditional connection
Célia Teixeira
University of Lisbon
Abstract: The aim of this talk is to evaluate and criticise the account according to which a priori knowledge is mere knowledge of analytic truths. This account is based on two major claims:
(The Traditional Connection – TC) A priori knowledge is mere knowledge of analytic truths.
(The Explanatory Thesis – ET) We can explain the a priori with the notion of analyticity.
Depending on how we understand the notion of analyticity, (TC) and (ET) will get different readings. There are two main readings of the notion of analyticity: a metaphysical reading and an epistemological reading. I will argue that under the metaphysical reading, even if (TC) is true, (ET) is false. But we have well known reasons to doubt the intelligibility of the metaphysical reading of the notion of analyticity – and with it the intelligibility of both (TC) and (ET). I will then turn my attention to the epistemological reading of the notion of analyticity. I will argue that under this reading it is also the case that if (TC) is true, (ET) is false. I will then argue, contrary to current orthodoxy, that (TC) is false under the epistemological reading. If I am right, and both (TC) and (ET) are false under both readings of the notion of analyticity, we have good reasons to question the philosophical significance and the very tenability of the analytic/synthetic distinction.
Session 6
22 November 2013, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
How to be a Stalnakerian about indicative conditionals
Pedro Santos
University of Algarve
Abstract: Dorothy Edgington has presented a reductio ad absurdum argument against the claim that indicative conditionals have truth-conditions, building on the idea that two seemingly valid inferential principles involving the construction cannot be jointly accepted if the claim is true (one of them being apparently committed to truth-functionalism about indicatives, the other to its rejection). Eliza Block has suggested a way out of Edgington’s negative result based on the claim that one of the principles, Or-to-If, has epistemic rather semantic import. Adopting this suggestion would commit us to i) eschewing truth-functionalism about indicatives; ii) endorsing a Stalnakerian approach to the semantics of indicatives; iii) as a consequence of ii), assigning a greater amount of context-sensitivity to indicatives than most authors would be prepared to tolerate (including, in some of his published work, Stalnaker himself). In this talk I will describe the Stalnakerian way out to Edgington’s dilemma and try to show that iii) is not as a bad a commitment as one might think.
Session 5
15 November 2013, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
Retractions
Teresa Marques
University of Lisbon
Abstract: Retraction and disagreement data have been used against contextualism and in favor of relativism about certain types of claims. Among these figure epistemic modals, knowledge attributions, or value and personal taste claims. On the relativist proposal, sentences like “the ice cream might be in the fridge” or “Pocoyo is funny” only get assigned a truth-value relative to contexts of utterance, indices of evaluation, and contexts of assessment. On assessment relativism, the relevant perspective for the truth of an epistemic might claim, or of a claim of personal taste, is the epistemic evidence, or the standard of taste, of the assessor at the context of assessment. On contextualism (indexical or not) the relevant perspective is the epistemic evidence, or the standard of taste, that is determined at the context of utterance. It is the claim that contextualism cannot handle retraction and disagreement data that requires the admission of contexts of assessment. Assessment-relativism takes retractions to have a special normative role: a retraction is allegedly mandatory in the crucial cases where the contextualist does not obligate any retraction. This talk questions that retractions have such a normative role, and offers an alternative explanation that is compatible with contextualism. The aim is to show that assessment relativism is not a viable semantic alternative. I will first summarize the main objections in the literature against the obligatoriness of retractions in the crucial cases. I will then offer a suggestion for how a contextualist (indexical or not) can explain permissible retractions, without requiring contexts of assessment. If time allows, I'll also try to show that the objections to assessment relativism follow a general pattern of criticism.
Session 4
8 November 2013, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
Compromisso Ontológico: entre a semântica, a lógica e a metafísica
Daniel Durante
Federal University of Rio Grande do Norte and University of Lisbon
Abstract: Divergências sobre ontologia, sobre o que existe, são tão básicas que tendem a dificultar ou até bloquear o diálogo entre os antagonistas. As diversas disputas entre crentes e ateus, ou entre realistas e nominalistas são apenas dois exemplos. Interessado em contribuir para a inteligibilidade do debate sobre ontologia, W. V. Quine, em 1939, iniciou uma série de trabalhos em que apresenta a noção de compromisso ontológico e propõe um critério supostamente objetivo para identificar as condições exatas em que a um certo discurso teórico (e portanto a seus proponentes) pode ser imputada uma suposição de existência. Pretendo apresentar o conceito de compromisso ontológico e o critério quineano, analisar o papel deste critério no projeto filosófico de Quine, apresentar e avaliar algumas das muitas críticas que o critério recebeu e apresentar algumas formulações alternativas do critério de Quine e critérios alternativos ao dele. Como produto destas análises espero contribuir para a reflexão sobre a relevância e o lugar filosófico da noção de compromisso ontológico.
Session 3
25 October 2013, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
O Problema do Ceticismo
Rui Silva
University of the Azores
Abstract: O debate contemporâneo em torno do problema do ceticismo tem-se centrado no assim chamado Argumento da Ignorância, o qual, partindo das premissas de que (1) não sabemos se as hipóteses céticas são falsas e de que (2) se não sabemos que tais hipóteses são falsas, não sabemos as proposições que fazem parte do conhecimento comum, conclui que não possuímos tal conhecimento. Serão analisadas várias estratégias para enfrentar o desafio cético: a rejeição do princípio do fecho (Dretske e Nozick); o assim chamado contextualismo semântico ou conversacional, que defende o carácter indexical do verbo saber ou conhecer (Lewis, Cohen e DeRose); o contextualismo do sujeito (na versão apresentada por Michael Williams) e a estratégia neo-mooreana, a qual alega que temos acesso ao conhecimento comum e que sabemos que as hipóteses céticas são falsas.
Defenderei que uma conceção externalista do conhecimento não é por si só suficiente para remover o problema do ceticismo e que uma resposta adequada a tal problema deve também oferecer uma conceção da responsabilidade epistémica do sujeito que não envolva princípios epistémicos conducentes ao ceticismo.
Session 2
18 October 2013, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
Reading and discussion of "Implicature and Explicature", by Robyn Carston and Alison Hall
Session 1
27 September 2013, 15:00
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Sala Mattos Romão (Dep. de Filosofia)
The Force Is Strong With This One: A Reply to Williamson
Bruno Jacinto
University of St Andrews (Arché) and University of Lisbon (LanCog)
Abstract: In chapter 6 of Modal Logic as Metaphysics (2013) Williamson argues for First-Order Necessitism – the view that necessarily every individual necessarily exists – via Property Necessitism – the view that necessarily every coarse-grained property necessarily exists. His argument for Property Necessitism is based on the claim that any comprehension principle sufficiently strong for deriving certain results that ought to be derivable in the context of second-order modal logic entails Property Necessitism. Williamson's case for the latter claim consists in considering several comprehension principles that do not entail Property Necessitism, showing that none of them is sufficiently strong for the derivation of those results.
In the present talk I will defend the claim that Williamson's argument for Property Necessitism is not cogent and, a fortiori, that the argument for First-Order Necessitism is itself not cogent. I will focus on one of the candidate comprehension principles considered by Williamson, CompMC, showing that the argument he provides for the claim that CompMC is not sufficiently strong is flawed by Williamson's own lights. I also consider a way of tweaking Williamson's argument by taking into account a remark concerning the strength of CompMC. I argue that the tweaked argument is not a good one, since it begs the question against contingentists. Given CompMC's high degree of plausibility and generality, the burden is on Williamson to provide other arguments for the claim that CompMC is not a sufficiently strong comprehension principle for second-order modal logic. The Force is strong with CompMC. Finally, I will make some considerations concerning where this leaves the debate between Property Necessitists and Property Contingentists.